#VozdoAluno: Mulher, mercado de trabalho e Covid-19
Você faz parte dos 25% das mulheres que estão considerando abandonar o mercado de trabalho por causa dos impactos da crise do covid?
Autor: Danillo Agripino Vitorino, aluno do 5º semestre de Psicologia
Sabemos que o Brasil possui a maior população negra fora da África e, em números absolutos, é o país com o maior número de negros do mundo, ficando atrás somente da Nigéria, pessoas negras correspondem a 54% da população brasileira.
Só que no mundo do trabalho, esta proporcionalidade não acontece. Quanto mais alto escalarmos na hierarquia institucional, tanto menor será a representatividade negra encontrada: menos de 5% dos cargos executivos e dos conselhos de administração são ocupados por pessoas negras neste país e para a mulher negra a situação é ainda mais grave:
Além de receberem 59% menos que homens brancos para desempenhar a mesma função, dentre os diretores das 500 maiores empresas do Brasil, as mulheres negras correspondem a 0,03% (duas diretoras em 548 diretores mapeados).
Nos espaços institucionais de poder, também é notória a ausência de pessoas negras. Na Câmara dos Deputados – suposta casa do povo – negros não chegam a um quarto de representação na casa, mesmo com o crescimento de 5% nas eleições de 2018.
É um cenário árido para esta população.
Recentemente, a consultoria Mc Kinsey publicou um relatório sobre os impactos do Covid no contexto de trabalho e novamente, as mulheres – especialmente as mulheres não brancas – têm maior probabilidade de terem sido demitidas ou dispensadas durante a crise gerada pela pandemia de Covid-19, interrompendo suas carreiras e colocando em risco sua segurança financeira.
Como resultado dessa dinâmica, mais de uma em cada quatro mulheres está contemplando o que muitas considerariam impensável:
Mudar de carreira ou deixar o mercado de trabalho por completo. As empresas correm o risco de perder mulheres na liderança – e futuras líderes mulheres – e desperdiçar anos de árduo progresso em direção à diversidade de gênero.
Se as empresas fizerem investimentos significativos na construção de um local de trabalho mais flexível e empático – e há sinais de que isso está começando a acontecer – elas podem reter os funcionários mais afetados pelas crises de hoje e cultivar uma cultura em que as mulheres, em especial, mulheres negras, tenham oportunidades iguais de alcançar seu potencial a longo prazo.